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Baixar um livro em PDF e ler em um celular ou computador é muito fácil.
Na maioria das vezes, basta fazer uma busca pelo nome da obra e entrar em sites que oferecem os arquivos. Ou abrir o arquivo enviado pelo amigo. Em minutos a obra está disponível para leitura gratuitamente.
O que a maior parte das pessoas que realiza esse tipo de ação não se atenta é o grande prejuízo que esta atitude gera na cadeia produtiva editorial.
De acordo com pesquisa recente da Nielsen nos Estados Unidos, a crescente adoção de formatos digitais por consumidores, estudantes e profissionais permitiu o crescimento do download e acesso ilícitos de material protegido por direitos autorais, produzido por editores.
O mercado editorial perde cerca de US$ 300 milhões por ano graças ao download ilegal de ebooks.
Falta de consciência
Outro dado da pesquisa é que mais de 70% daqueles que baixam arquivos ilegais se formaram na faculdade ou têm pós-graduação.
Ou seja, são pessoas de um grau de instrução elevado, mas que geralmente não avaliam antes de consumir qualquer produto que, para que o original fosse produzido, foi necessário muito investimento, pesquisa, preparação etc.
Falta um pouco da consciência de que tudo que é copiado, circulado sem direitos e reproduzido indevidamente impacta em toda a cadeia produtiva – sejam CDs, DVDs, livros etc.
Não é apenas a grande indústria cultural que perde com a pirataria. Na área de ciência, saúde e tecnologia o impacto é grande. E traz consequências ainda mais complexas.
A pirataria de conteúdo científico e tecnológico abala a divulgação de materiais importantes.
Desestimula cientistas e pesquisadores a investir tempo e dedicação para compartilhar e educar, pois não há razão em se esforçar, já que o retorno financeiro se torna menor.
Os recursos perdidos afetam empregos, instituições e até nações, além de limitar o progresso da área médica.
Acesso gratuito
O impacto pode ser ainda maior no futuro. Iniciativas das grandes empresas de conteúdo, como a Research4Life da Elsevier, fornecem acesso gratuito ou de baixo custo a mais de 77 mil revistas científicas.
Outro exemplo é o Centro de Pesquisas do Zika Vírus, que, no auge da epidemia, forneceu acesso sem custos aos profissionais da saúde a materiais de extrema qualidade, que colaboraram para que importantes informações colaborassem com o tratamento dos pacientes em diversos países, incluindo o Brasil.
É importante a consciência de que o consumo não adequado impacta o setor científico e também toda a cadeia de educação.
A pirataria de materiais científicos e tecnológicos pode criar situações que não estão na mente das pessoas ao clicarem no botão de download.
O conteúdo pirateado e falsificado tem impacto além do que é imediatamente óbvio e com consequências de grande alcance.
Permitir que a pirataria continue criará um futuro indesejável.
É importante que as pessoas analisem mais profundamente a questão de como esse futuro pode ser possível e a desvendar todas as coisas positivas que serão perdidas ao longo do caminho para chegar lá.
- Georgia Barros é gerente de marketing da Elsevier
Disponível em: <http://www.inova.jor.br/2017/09/20/pirataria-conteudo-cientifico/>. Acesso em: 21 set. 2017.