Pirataria digital de livros na Itália destruiu 8.800 empregos

Mais de um terço dos italianos pratica pirataria editorial (Pixabay / Perfecto_Capucine)

Os danos causados ​​pelas obras de pirataria são estimados em 528 milhões de euros por ano.

300.000 atos de pirataria de livros digitais são contados todos os dias na Itália. Ou quase 107 milhões por ano! Segundo uma pesquisa realizada para a Associazione Italiana Editori e a Federazione Italiana Editori Giornali, o download ilegal de livros desmaterializados está aumentando e causando um duro golpe no setor editorial italiano.

Leia a notícia completa En Italie, le piratage de livres numériques a détruit 8 800 emplois, de Bruno Texier, publicado no Archimag.

Quanto mais universidades “entrincheiram” Elsevier, mais o Sci-Hub floresce

A Universidade da Califórnia (UC) é a mais recente instituição a cancelar sua assinatura da principal editora acadêmica Elsevier. UC cita custos altos e a falta de pesquisa de acesso aberto entre as razões. Isso provavelmente significa um aumento no tráfego para o Sci-Hub, o site que é frequentemente referido como “The Pirate Bay for Science”, que pode realmente ter um papel maior do que alguns suspeitos.

Leia o texto completo original em inglês no site TorrentFreak: As More Universities ‘Ditch’ Elsevier, Sci-Hub Blossoms

Os downloads do site de pirataria de artigos de revistas Sci-Hub triplicaram em 2017

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 O site Sci-Hub permite aos usuários baixar versões em PDF de artigos acadêmicos, incluindo muitos artigos pagos dos sites de editores multinacionais. O Sci-Hub cresceu rapidamente desde a sua criação em 2011, mas o alcance de sua cobertura não foi muito claro. Parece que a partir de março de 2017, o banco de dados Sci-Hub contém 68,9% dos 81,6 milhões de artigos acadêmicos registrados na Crossref e 85,1% dos artigos publicados em revistas pagas. A cobertura varia de acordo com a disciplina e o editor, mas a verdade é que o Sci-Hub cobre preferencialmente o conteúdo mais popular que está na web de editores acadêmicos que podem ser acessados ​​por assinatura de uma licença. Para nos dar uma ideia do tamanho do site, a Sci-Hub oferece mais cobertura do que a Universidade da Pensilvânia, uma das principais universidades de pesquisa nos Estados Unidos.

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A ‘Robin Hood da ciência’ contra o império editorial

Jovem programadora do Cazajistão resiste com Sci-Hub, site pirata de artigos científicos, a processos sem precedentes das editoras de grandes revistas

BRUNO MARTÍN
3 DEZ 2017 – 23:13 CET

Alexandra Elbakyan, a fundadora de Sci-Hub, durante os prêmios Wiki 2016.Ampliar fotoAlexandra Elbakyan, a fundadora de Sci-Hub, durante os prêmios Wiki 2016. KRASSOTKIN (WIKIMEDIA COMMONS)

“Se consegui ver mais longe, foi porque subi nos ombros de gigantes”, escrevia Isaac Newton,em uma carta ao seu rival, o físico britânico Robert Hooke, em 1675. Hoje em dia, os cientistas podem subir apenas metaforicamente nos ombros de pesquisadores, cujos estudos entram no pacote de inscrição das suas universidades. Dado o incrível custo para centros de pesquisa manterem cada revista científica, as instituições não podem proporcionar a seus empregados acesso livre a toda a literatura acadêmica que necessitam para trabalhar. É ainda pior para os estudantes ou cientistas não filiados a uma boa biblioteca: o preço médio de um paper ronda os 25 euros (96 reais) para um particular. E isso apesar de muitos estudos se financiarem com dinheiro público.

Insatisfeita com o modelo de publicação, a programadora do Cazajistão Alexandra Elbakyan fundou, em 2011, quando tinha só 23 anos, o site Sci-Hub, que proporciona aos internautas livre acesso a milhões de publicações científicas que, legalmente, deveriam ser pagas. “Quando eu era estudante na universidade do Cazaquistão, não tive acesso a nenhum documento de pesquisa, documentos que precisava para meu projeto. É loucura pagar 32 dólares [por estudo] quando você precisa ler ou navegar por centenas de documentos para fazer uma pesquisa”, declarava, em uma carta aberta, no tribunal de Nova York, em 2015.

O motivo pelo qual Elbakyan escrevia a um juiz de Nova York era que Reed-Elsevier, a editora que mais gera renda com publicações acadêmicas, processou o Sci-Hub e sua criadora por infração de direitos autorais. Ela argumentou que sua página proporciona um serviço público que não é comparável com a pirataria de música ou de filmes, já que os cientistas não cobram direitos autorais pelas vendas de seus artigos. Neste mesmo ano, um juiz ordenou o fechamento do domínio sci-hub.org, cujo registrador — a empresa que aluga o domínio .org — está baseado nos Estados Unidos. Ainda assim, a página permaneceu ativa sob outros nomes registrados no exterior, que Elbakyan anunciou em seu Facebook. O pleito da Elsevier só foi concluído em junho de 2017, quando o juiz ordenou uma indenização de 15 milhões de dólares (49 milhões de reais) a favor da editora. Elbakyan não compareceu ao julgamento.

Golpe legal sem precedentes

Até semana passada, era possível acessar o portal pirata por meio do sci-hub.cc, sci-hub.io, sci-hub.ac e sci-hub.bz. Agora, apenas o último endereço, registrado em Belize, está ativo. O motivo é um novo litígio, apresentado pela American Chemical Society (ACS), em um tribunal no estado da Virgínia. Esta editora é menor que a Elsevier, mas seu processo resultou em maiores consequências. De início, o juiz também havia concedido uma indenização aos requerentes, desta vez de 4,8 milhões de dólares (15 milhões de reais). No entanto, além disso, a última sentença  — divulgada em novembro — é excepcional ao ordenar o fim da cooperação dos serviços de internet com o Sci-Hub, o que, neste caso, inclui não apenas as empresas que registram os domínios, mas também provedores de conexão de internet e sites de busca. Essas são entidades jurídicas alheias à organização do Sci-Hub e não estavam envolvidas no julgamento.

“Não sabemos como podem tentar cumpri-la”, afirma o estudante de doutorado Stephen McLaughlin, especialista em estudos da informação na Universidade do Texas, que acompanhou de perto o caso do Sci-Hub. “Acredito que a tentativa aparente da ACS de conseguir bloquear sites de busca e provedores de serviços de internet provavelmente não seja legal sob o modelo norte-americano”, acrescenta.

O diretor de comunicações da American Chemical Society, Glenn Ruskin, confirmou ao EL PAÍS que a ACS enviou uma ordem judicial a vários provedores de internet e registradores de domínios do Sci-Hub, para que acatassem a decisão. Isso explica a queda repentina de três domínios de internet na quarta-feira da semana passada (um deles registrado nos Estados Unidos, os outros dois no Reino Unido). “A ACS continuará seu esforço para impor o cumprimento da ordem judicial”, afirma Ruskin.

Da sua parte, Elbakyan não pagou um centavo, já que opera o site da Rússia, fora da jurisdição norte-americana. O tribunal da Virgínia também não tem o poder de confiscar os servidores do Sci-Hub. Eles devem conter 70 terabytes de documentos, segundo Daniel Himmelstein, cientista de dados da Universidade da Pensilvânia, que publicou uma análise do conteúdo do Sci-Hub. “As empresas de tecnologia não estão muito contentes com a ordem judicial. Consideram-se fornecedoras de um serviço neutro e que não são responsáveis pelo que fazem os seus usuários. Têm um interesse muito forte em parar essas ordens judiciais tão amplas e sem precedentes”, explica.

O futuro das publicações científicas

Apesar da novidade do caso, e do zelo das editoras por defender seus negócios, os usuários do Sci-Hub não esperam que a sentença mude muita coisa; a demanda por acesso livre ao conhecimento científico é grande demais e será difícil impor leis regionais em uma internet descentralizada. O mais provável é que se fechar um site, aparecerá outro

Mesmo fechando todos os domínios do Sci-Hub, seria difícil para as editoras bloquearem completamente o acesso à página. O portal pirata conta com uma direção alternativa na internet profunda Tor, formada por um grupo de servidores que criptografam o tráfego para ocultar sua origem. “Esta rede é imune a qualquer tipo de censura, salvo a apreensão física dos servidores”, afirma Himmelstein.

O entusiasmo gerado pelo caso do Sci-Hub mostra a insatisfação profunda com o modelo de publicação cientifica que envolve pesquisadores de todas as disciplinas. Existem revistas de reputação que não cobram assinaturas, mas taxas de publicação. Himmelstein tem uma visão para o modelo ideal: “Eu quero que toda a literatura acadêmica financiada com dinheiro público seja de livre acesso e leitura. Não apenas grátis, mas também livre de barreiras de permissão, ou seja, com uma licença pública que permita a mineração de dados e textos. Muita gente compartilha dessa visão, a do movimento open acess”.

Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2017/11/29/ciencia/1511971491_929151.html>. Acesso em: 4 dez. 2017.

Qual é o impacto da pirataria de conteúdo científico

O mercado editorial perde US$ 300 milhões por ano como consequência da pirataria de ebooks / dilettantiquity/Renato Cruz
O mercado editorial perde US$ 300 milhões por ano como consequência da pirataria de ebooks / dilettantiquity/Creative Commons

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Baixar um livro em PDF e ler em um celular ou computador é muito fácil.

Na maioria das vezes, basta fazer uma busca pelo nome da obra e entrar em sites que oferecem os arquivos. Ou abrir o arquivo enviado pelo amigo. Em minutos a obra está disponível para leitura gratuitamente.

O que a maior parte das pessoas que realiza esse tipo de ação não se atenta é o grande prejuízo que esta atitude gera na cadeia produtiva editorial.

De acordo com pesquisa recente da Nielsen nos Estados Unidos, a crescente adoção de formatos digitais por consumidores, estudantes e profissionais permitiu o crescimento do download e acesso ilícitos de material protegido por direitos autorais, produzido por editores.

O mercado editorial perde cerca de US$ 300 milhões por ano graças ao download ilegal de ebooks.

Falta de consciência

Georgia Barros, da Elsevier / Divulgação
Georgia Barros, da Elsevier / Divulgação

Outro dado da pesquisa é que mais de 70% daqueles que baixam arquivos ilegais se formaram na faculdade ou têm pós-graduação.

Ou seja, são pessoas de um grau de instrução elevado, mas que geralmente não avaliam antes de consumir qualquer produto que, para que o original fosse produzido, foi necessário muito investimento, pesquisa, preparação etc.

Falta um pouco da consciência de que tudo que é copiado, circulado sem direitos e reproduzido indevidamente impacta em toda a cadeia produtiva – sejam CDs, DVDs, livros etc.

Não é apenas a grande indústria cultural que perde com a pirataria. Na área de ciência, saúde e tecnologia o impacto é grande. E traz consequências ainda mais complexas.

A pirataria de conteúdo científico e tecnológico abala a divulgação de materiais importantes.

Desestimula cientistas e pesquisadores a investir tempo e dedicação para compartilhar e educar, pois não há razão em se esforçar, já que o retorno financeiro se torna menor.

Os recursos perdidos afetam empregos, instituições e até nações, além de limitar o progresso da área médica.

Acesso gratuito

O impacto pode ser ainda maior no futuro. Iniciativas das grandes empresas de conteúdo, como a Research4Life da Elsevier, fornecem acesso gratuito ou de baixo custo a mais de 77 mil revistas científicas.

Outro exemplo é o Centro de Pesquisas do Zika Vírus, que, no auge da epidemia, forneceu acesso sem custos aos profissionais da saúde a materiais de extrema qualidade, que colaboraram para que importantes informações colaborassem com o tratamento dos pacientes em diversos países, incluindo o Brasil.

É importante a consciência de que o consumo não adequado impacta o setor científico e também toda a cadeia de educação.

A pirataria de materiais científicos e tecnológicos pode criar situações que não estão na mente das pessoas ao clicarem no botão de download.

O conteúdo pirateado e falsificado tem impacto além do que é imediatamente óbvio e com consequências de grande alcance.

Permitir que a pirataria continue criará um futuro indesejável.

É importante que as pessoas analisem mais profundamente a questão de como esse futuro pode ser possível e a desvendar todas as coisas positivas que serão perdidas ao longo do caminho para chegar lá.

  • Georgia Barros é gerente de marketing da Elsevier

Disponível em: <http://www.inova.jor.br/2017/09/20/pirataria-conteudo-cientifico/>. Acesso em: 21 set. 2017.

Canais transmitem pirataria pelo YouTube Ao Vivo

O YouTube tem uma das melhores ferramentas anti-pirataria da web, tendo a habilidade de reconhecer músicas e vídeos por meio de algoritmos avançados.

Em outros casos, o serviço ainda é capaz de encontrar conteúdo terrorista com altíssimas taxas de precisão com sua tecnologia de inteligencia artificial.

No entanto, no que se refere a plataforma de vídeos ao vivo, conhecido como “YouTube Ao Vivo”, algo não parece funcionar como o esperado.

Google Discovery flagrou duas transmissões com conteúdo pirateado na página inicial do YouTube, com quase 11 mil pessoas assistindo no total.

É fato que o sistema anti-pirataria do YouTube não funciona sem uma amostra por parte dos detentores de direitos autorais, mas este é um caso explícito.

Desde 2012, o Google pune sites com conteúdo pirata e até remove de sua busca em alguns países. Será que a empresa tomará alguma ação contra a sua própria divisão?

Disponível em: <https://googlediscovery.com/2017/08/25/canais-transmitem-pirataria-pelo-youtube-ao-vivo/. Acesso em: 27 ago. 2017.

Quem está baixando artigos científicos piratas? Todos

Assim que a primavera chegou no mês passado no Irã, Meysam Rahimi sentou-se em seu computador da universidade e imediatamente se deparou com um problema: como obter os trabalhos científicos que precisava. Ele teve que escrever uma projeto de pesquisa para o doutorado em engenharia na Universidade de Tecnologia Amirkabir em Teerã. Seu projeto transpõe tanto operações de gestão e economia comportamental, por isso Rahimi teve um lote de terreno para cobrir.

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Veja no artigo publicado hoje na Science, Who’s downloading pirated papers? Everyone, a continuidade dessa história e outras sobre o Sci-Hub, o controverso site criado pela pesquisadora Alexandra Elbakyan que disponibiliza milhões de artigos científicos de inúmeras editoras.